quarta-feira, 30 de julho de 2014

Obras para construção de megatúnel de 4.640 metros na Rio-Petrópolis avançam a todo vapor

Prevista para ficar pronta em junho de 2016, nova subida da serra ampliará escoamento da BR-040

POR CELIA COSTA

30/07/2014 - O Globo


Na localidade de Duarte da Silveira foram escavados 260 metros, de um total de 4.640 metros, que transformarão o novo túnel no maior túnel rodoviário contínuo do Brasil - Adriana Lorete / Agência O Globo

RIO — A luz no fim do megatúnel da Rio-Petrópolis só deve surgir no final de 2015, quando terminarem as explosões na rocha, mas as obras que fazem parte da construção da nova subida da Serra de Petrópolis já estão a todo vapor. Na localidade de Duarte da Silveira foram escavados 260 metros, de um total de 4.640 metros. Isso representa o dobro da galeria do Túnel Rebouças no trecho entre o Cosme Velho e a Lagoa, com 2.040 metros, o que o tornará o maior túnel rodoviário contínuo do Brasil. O segundo mais extenso tem 3.146 metros e fica na Rodovia dos Imigrantes, em São Paulo, inaugurada em 2002. Parte da BR-040, a nova subida encurtará em cinco quilômetros a ida até a cidade serrana. Sua conclusão está prevista para junho de 2016.

As obras estão orçadas em cerca R$ 1 bilhão, sendo que R$ 290 milhões serão pagos pela Concer, empresa que administra o trecho da BR-040 entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora, e o restante, pelo governo federal. Só o megatúnel custará R$ 400 milhões.


Trabalhadores conversam na parte já escavada da rocha - Adriana Lorete / Agência O Globo
O projeto inclui a duplicação de 15 quilômetros da atual pista de descida desde Xerém até a entrada do túnel, onde será construída uma bifurcação. A atual subida, aberta em 1928, será transformada numa estrada-parque, voltada para turismo ecológico, educação ambiental e lazer. A construção da nova pista de subida é uma obrigação contratual estabelecida pelo Programa de Exploração da Rodovia (PER). O prazo de concessão da rodovia é de 25 anos e expira em 2021.

PROJETO PRESERVA MATA

A nova estrada provocou uma intervenção profunda na área de Mata Atlântica, mas a obra obteve todas as licenças ambientais necessárias, inclusive do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o presidente da Concer, Pedro Jonsson, a construção do megatúnel surgiu como a opção de menor impacto ambiental entre os estudos realizados, porque ao se fazer a escavação na rocha a vegetação da cobertura é preservada.

Jonsson afirma que toda a tecnologia usada para a construção do túnel é a mesma empregada atualmente em países europeus. Técnicos da Concer viajaram para alguns países, como a Itália, com o objetivo de pesquisar e trazer para esta obra os mais modernos equipamentos. Segundo o engenheiro Leonardo Kumata, um dos responsáveis pelos trabalhos, apesar de seu comprimento, o túnel não causará uma sensação claustrofóbica.

— O túnel terá exaustores em toda a extensão, controlados por computador. O concreto usado no revestimento é especial, com fibras antichamas. E serão construídas galerias subterrâneas, que poderão escoar as pessoas em caso de acidentes — disse o engenheiro.

O monitoramento do túnel será feito por câmeras e a sala de controle ficará localizada ou nas proximidades do megatúnel ou na sede da Concer, na Rodovia Washington Luís.

As explosões na rocha são diárias. Uma capelinha encravada na entrada do túnel com a imagem de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros e de todos que trabalham com fogo e explosões, protege os trabalhadores, conhecidos como tuneleiros. Outras duas estátuas da santa serão instaladas na via durante a obras.

CAPACIDADE ESGOTADA

Construída em 1928, a atual subida da serra está com sua capacidade de tráfego esgotada desde 2010, segundo estudo feito pelo poder concedente.

O trecho de 180,4 quilômetros administrado pela Concer liga os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, e o volume de tráfego cresce a cada ano: em 2012, atingiu a marca de 31,2 milhões de veículos. O trecho de subida da rodovia recebe em média 20 mil veículos diariamente, segundo a Concer. Muitos deles são caminhões e carretas que dificultam o fluxo de tráfego por causa do traçado sinuoso e da falta de acostamento da via.

Frequentemente, a Concer vem realizando operações especiais de reversão de pista na descida, para que carretas de grandes dimensões possam trafegar durante as madrugadas, período de menor movimento. A rodovia é uma importante rota de escoamento da produção, segundo aponta a Confederação Nacional de Transporte. E a previsão é que o volume de tráfego continue crescendo em função de grandes eventos, como as Olimpíadas de 2016.

A atual pista de subida também ficará sob a administração da concessionária, com foco no atendimento à comunidade que vive às suas margens. Está prevista a implantação de mão dupla, mas ainda está em estudo se será construído algum bloqueio para impedir o uso da rodovia por quem seguir para Petrópolis. Segundo a Concer, se a passagem for permitida, haverá cobrança de pedágio no alto da serra

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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Segmento rodoviário inicia reação

25/07/2014 - Valor Econômico

Nos últimos seis anos, a possibilidade de licitação do transporte rodoviário interestadual foi um verdadeiro fantasma não apenas para as operadoras do serviço, mas também para as montadoras de ônibus, que têm nesse mercado um de seus grandes filões. Sem a garantia de que continuariam com as linhas, as empresas de viação não se sentiam seguras para investir na frota, esvaziando cada vez mais as carteiras de pedidos dos fabricantes desses veículos e suas encarroçadoras.

Há um mês, contudo, o governo derrubou o processo de licitação das linhas interestaduais. Após sucessivos revezes, o imbróglio vinha se arrastando desde 2008, quando as empresas passaram a operar com licenças de caráter provisório após o vencimento de licenças concedidas 15 anos antes.

A exemplo do que já acontece na aviação civil, o serviço passa a se dar sob o sistema de autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), num modelo mais alinhado com os interesses das operadoras de transporte coletivo - antes preocupadas com a redução nas taxas de retorno do negócio em processos licitatórios que poderiam limitar as tarifas.

Resolvida a questão, as montadoras veem agora a chance de faturar com a volta de investimentos represados nos últimos anos. Na indústria, calcula-se entre 8 mil e 10 mil ônibus o potencial de renovação nas frotas dessas companhias nos próximos cinco anos.

Segundo Ciro Pastore, executivo responsável pelas vendas de chassis rodoviários da Scania, isso significa sair de um mercado que vinha rondando a casa de 5 mil veículos - na média anual dos últimos quatro anos - para algo superior a 7 mil unidades.

Em volume, o segmento rodoviário não é o maior dentro do mercado de veículos coletivos. Sua participação, de 15%, fica atrás das linhas de ônibus urbanos (40%) e de transporte escolar (30%). Mas essa é a categoria que traz maior nível de equipamentos e tecnologia agregada, onde, portanto, pratica-se preços mais altos do que nas demais linhas. Por conta das indefinições que vinham, até então, atrasando os investimentos das companhias de viação, as vendas desses ônibus recuam cerca de 26% neste ano, acima da média de toda a indústria, que cai quase 14%.

Estima-se que a ANTT levará entre seis meses e um ano para regulamentar o sistema de autorização das operadoras, estabelecendo, por exemplo, padrões de qualidade do serviço e especificações técnicas dos veículos. A partir de então, o impacto nas encomendas de ônibus deve ser maior, avaliam executivos de montadoras. "Hoje, temos a segurança jurídica, mas o movimento do empresariado depende dessas outras etapas. Sabemos que o processo [de regulamentação] não deve ser rápido", afirma Pastore, da Scania.

Mas alguns dirigentes da indústria dizem que o fim da exigência de licitação deve melhorar as vendas já a partir deste ano. "O mercado já se mostra mais comprador", diz Walter Barbosa, diretor de vendas da divisão de ônibus da Mercedes-Benz, relatando também um aumento nas consultas das operadoras de transporte rodoviário nas últimas semanas.

Paulo Porto, presidente da Abrati - entidade das empresas de transporte que apoiou a emenda que deu fim ao processo de licitação -, diz que suas associadas devem fechar 2014 com cerca de 1,5 mil veículos comprados. Segundo ele, as empresas já estão se antecipando à regulamentação e fecham novos pedidos para ampliar e reduzir a idade média da frota, que passa hoje de nove anos. "A notícia já está animando o setor", afirma.

Para Barbosa, da Mercedes, o mercado de ônibus rodoviários deve ser mais aquecido no segundo semestre. Mas, por outro lado, as incertezas provocadas pelas eleições devem frear a demanda das operadoras de transporte público urbano. "Vamos ter um rodoviário mais forte e um urbano, menor. Não sei se um consegue compensar o outro", prevê o executivo.

Somando as demais linhas, as vendas de ônibus no Brasil totalizaram 13,4 mil unidades no primeiro semestre, 13,7% abaixo de um ano antes, conforme a Anfavea, entidade das montadoras. O desempenho foi prejudicado pela redução nas compras de ônibus escolares do governo federal.

sábado, 19 de julho de 2014

Local proposto para nova rodoviária fica a 28 km do Centro

19/11/2013 - O Globo

Prefeito retoma ideia de construir novo terminal em Vigário Geral, na Zona Norte

GUSTAVO GOULART

Passageiros da Rodoviária Novo Rio enfrentam uma fila quilométrica para pegar um táxi, ao lado do terminal, após a volta do feriado prolongado: a espera se estendeu por mais de uma hora, reclamavam eles Gabriel de Paiva

RIO - Em meio à adaptação dos motoristas às recentes e robustas mudanças de trânsito na Zona Portuária, o prefeito Eduardo Paes trouxe de volta, nesta segunda-feira, um projeto que tem tudo para trafegar em polêmica, mas que andava em ponto morto: a construção de uma nova rodoviária, provavelmente em Vigário Geral. Em entrevista ao "Bom Dia, Rio", da TV Globo, Paes afirmou que a Rodoviária Novo Rio já não absorve a demanda da Região Metropolitana. Segundo ele, há um estudo para as novas instalações, que ficaram a cerca de 28 quilômetros do Centro.
— A cidade precisa de uma nova rodoviária, urgente. Essa rodoviária (Novo Rio) não absorve a demanda. Estamos estudando. Teremos vários terminais ao longo do BRT Transbrasil. A gente pensa na área do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes), no início da Dutra — disse o prefeito.
Quem conduz o processo de aquisição do terreno é o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes. Ele informou que, há um mês, a Secretaria Geral do Patrimônio da União deu o primeiro sinal para a transferência de um terreno, de 650 mil metros quadrados, no quilômetro zero da Rodovia Presidente Dutra, próximo ao Trevo das Margaridas.
— É uma área importantíssima. Hoje, há um fluxo de trânsito de pessoas moradoras da Baixada Fluminense muito intenso, em viagens, por exemplo. Não tem cabimento precisarem vir até a Novo Rio para voltarem. Estamos nos trâmites finais do acerto para a transferência — explicou Lopes, acrescentando que serão estudadas as linhas de ônibus a serem remanejadas para o novo terminal, já que a Novo Rio não será desativada.
Especialista sugere audiência pública
O projeto não conta apenas com a construção da rodoviária, segundo ele. Há a ideia de se construir um parque municipal e um centro de referência para a Polícia Rodoviária Federal, além de um centro de distribuição de cargas:
— Haverá um centro de fracionamento e direcionamento de cargas também. Carretas grandes não entrarão mais na cidade. As cargas serão distribuídas em veículos mais leves, para que possam entrar na cidade sem causar tantos transtornos.
O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osorio, vê com bons olhos o projeto de um novo terminal rodoviário:
— Como ficou comprovado na quinta e sexta-feira, o terminal não tem capacidade de absorver o movimento de pico. Sua localização é muito próxima à chegada ao Centro. No Trevo (das Margaridas), a logística seria melhor. De lá, distribuiríamos melhor os passageiros para as diferentes zonas da cidade. E o BRT Transbrasil alimentaria a rodoviária.
Para o engenheiro de transportes Fenando MacDowell, a ideia é boa, mas é preciso um sério planejamento:
— Não se pode imaginar que haja um estudo sobre o terminal mas não sobre os impactos. Como os passageiros vão chegar (à rodoviária)? A tarifa vai aumentar? Está entre os projetos para os quais se faz necessária uma audiência pública.
A Socicam, concessionária que desde 1990 administra a rodoviária (inaugurada em 1965), disse ver positivamente a construção de um novo terminal. Mas ressaltou que é preciso avaliar o fluxo. A média de embarques e desembarques é de 20 mil por dia, afirmou Beatriz Lima, assessora de imprensa da Socicam. Ela explicou que cerca de 60% do movimento são para Região dos Lagos, Região Serrana e interior:
— Pode haver uma divisão para atender a uma parte da população.
Em nota, a concessionária negou que a capacidade operacional da rodoviária tenha sido ultrapassada na quinta-feira, atribuindo os atrasos aos congestionamentos das principais vias de acesso à rodoviária (Av. Brasil e Linha Vermelha), às interdições de ruas importantes no entorno do terminal e ao excesso de veículos na Ponte.
Passageiros aprovam construção
A preocupação com o trânsito na Zona Portuária levou Paes a autorizar, no sábado, Osorio a fazer bloqueios nos acessos à Novo Rio para evitar a entrada de ônibus além da capacidade do terminal. No fim da noite de quinta e na manhã de sexta-feira, a região em volta da rodoviária registrou longas filas de ônibus esperando para desembarcar ou embarcar passageiros, e o secretário acusou a Novo Rio de overbooking. Com as barreiras, a prefeitura queria evitar que o trânsito da volta do feriadão se somasse ao fluxo normal de veículos.
Paes criticou ainda as "rodoviárias" ilegais que operam ao lado da Novo Rio e levam passageiros em vans para diversas áreas do estado. Ele disse que aumentará a fiscalização para coibir a prática.
Os usuários são favoráveis a uma nova rodoviária.
— Saímos às 4h de Cabo Frio. Para ir para São Paulo, precisamos vir para cá. Ficamos quase o tempo da viagem para conseguir chegar à rodoviária, por causa do engarrafamento. Vai ser muito bom ter uma nova rodoviária num lugar que não cause tanto tumulto — disse a bancária Camila Felícia do Val.
Neta segunda pela manhã, o fluxo de passageiros foi tão intenso que o tempo de espera por um táxi chegou a uma hora e meia. O diretor-presidente da cooperativa da táxi Novo Rio Cop, Marcos Bezerra, disse que os veículos tinham muita dificuldade para chegar à rodoviária:
— Foi um dia atípico. Além do grande número de pessoas retornando do feriado, tivemos também o fechamento de vias importantes. Mas isso serve de alerta para o que pode acontecer nos grandes eventos. Estamos providenciando o reforço da frota.
Uma das pessoas na fila era a residente de farmácia Ingrid Ambrósio, vindo de São Paulo:
— Pensam só nos grandes eventos e esquecem de quem mora aqui.
O desejo de construir um novo terminal não é novo. Em 1987, a Companhia de Desenvolvimento Rodoviário e de Terminais (Coderte) afirmou que a rodoviária precisava ser substituída "com urgência". A ideia era instalá-la no terreno do Dnit. Em 1991, voltou-se a tocar no assunto, mas, mais uma vez, o projeto não saiu do papel. Em 2011, Paes se disse disposto a transferir a Novo Rio para esse mesmo terreno. No ano passado, porém, ele abandonou a ideia de mudança, mostrando-se, em vez disso, favorável à construção de um segundo terminal.

SP conclui entrega de 25,7 quilômetros de duplicação da Raposo Tavares

01/07/2014 - Governo SP

Obra inclui implantação de cinco novos dispositivos de acesso e retorno, remodelação de outro dispositivo já existente e implantação de duas pontes

Download Foto: A2 Fotografia / Gilberto Marques

Cerca de 177,6 mil habitantes dos municípios de Capela do Alto, Sarapui, Alambari e Itapetininga serão beneficiados com a intervenção

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Obra inclui implantação de cinco novos dispositivos de acesso e retorno, remodelação de outro dispositivo já existente e implantação de duas pontes

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Dos cinco novos dispositivos de acesso e retorno, três ficam no município de Alambari e dois em Itapetininga

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Cerca de 177,6 mil habitantes dos municípios de Capela do Alto, Sarapui, Alambari e Itapetininga serão beneficiados com a intervenção

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Obra inclui implantação de cinco novos dispositivos de acesso e retorno, remodelação de outro dispositivo já existente e implantação de duas pontes

Foram entregues nesta terça-feira, 1º, as obras de duplicação da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) entre os municípios de Capela do Alto e Itapetininga. A intervenção, que inclui a implantação de cinco novos dispositivos de acesso e retorno, remodelação de outro dispositivo já existente e implantação de duas pontes, recebeu investimento de R$ 129 milhões.

"Nós estamos entregando hoje o último trecho de duplicação de Sorocaba, [que vai] lá de Araçoiaba da Serra até Itapetininga. Uma auto-estrada desse nível tem papel indutor no desenvolvimento, traz empresas para o município e, de outro lado, é uma vacina contra acidente, uma grande obra para região."

Dos cinco novos dispositivos de acesso e retorno, três ficam no município de Alambari (km 139, km 142,5 e km 146) e dois em Itapetininga (km 150 e km 157,5). O dispositivo que passou por reforma e remodelação fica no km 158,4, em Itapetininga. As pontes implantadas no trecho ficam sobre o Rio Sarapui, no município de mesmo nome, no km 134,4, e sobre o Córrego da Divisa, no km 136,1, em Alambari.

Cerca de 177,6 mil habitantes dos municípios de Capela do Alto, Sarapui, Alambari e Itapetininga serão beneficiados com a intervenção. A obra melhora a fluidez em um dos principais corredores do país, que liga a Grande São Paulo aos Mato Grosso do Sul e Paraná.

Do Portal do Governo do Estado

sábado, 12 de julho de 2014

Linhas de ônibus interestaduais vão deixar de ser leiloadas

12/07/2014 - O Estado de SP

Dilma acaba com exigência de licitação em serviços de ônibus interestaduais - Valor Econômico

O governo vai mudar totalmente a forma de escolha das empresas que operarão as linhas de ônibus interestaduais e internacionais. Em vez de leiloar as linhas, como vem tentando fazer sem sucesso desde 2008, o governo vai agora simplesmente autorizar todas as empresas interessadas numa determinada rota a operá-la. Desde, é claro, que atendam a requisitos de segurança e qualidade.

"Se tiver 30 ou 40 empresas querendo fazer Rio-São Paulo, e elas se habilitarem, vamos autorizá-las", disse ao Estado a diretora da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) Ana Patrizia Gonçalves Lira. "Depois, o mercado se ajusta."

É uma mudança radical em relação ao cenário de até um mês atrás. Até então, o governo vinha tentando escolher empresas para operar um conjunto de rotas por meio de licitação. A tentativa mais recente, iniciada em agosto de 2013 para ser concluída em janeiro de 2014, estava paralisada por liminares judiciais. O edital dessa concorrência foi revogado ontem.

No mês passado, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.996, que mudou todo o modelo. Em vez de uma permissão, como vinha sendo tentado até então, as empresas de ônibus de longa distância vão operar mediante autorização. A mudança só não vale para as linhas semiurbanas, como as que ligam o Distrito Federal às cidades-satélite em Goiás. Para essas, a Constituição determina o sistema de permissões.

Liberdade. A autorização, explicou Ana Patrizia, pressupõe mercado livre. Assim, além de permitir que todas as interessadas habilitadas operem as linhas, o governo também deixará de determinar os itinerários. "Cada empresa monta sua rede", disse a diretora. E, daqui cinco anos, as tarifas serão liberadas. A ANTT apenas fiscalizará e punirá abusos.

Essa liberalização do mercado de transporte rodoviário de passageiros vai começar a tomar corpo no segundo semestre de 2015.

Nos primeiros cinco anos após a lei, a ANTT seguirá fixando tarifas máximas para as rotas. Nesse período, espera concluir estudos sobre demanda e custo que permitirão verificar se há abusos, depois da liberação dos preços. A agência reguladora também vai fixar requisitos mínimos para os terminais de ônibus. "Não queremos que a infraestrutura seja um limitador da concorrência, a exemplo do que ocorre no setor aéreo", comentou. "Poderemos ter terminais públicos e privados."

Cerca de 60 milhões de pessoas são transportadas todos os anos por ônibus de longo curso, segundo estimativas da ANTT. Existem perto de de 2.000 linhas em operação.

É também um mercado bilionário. Quando estavam em estudo as permissões, a previsão é que elas movimentariam R$ 4 bilhões nos 15 anos de duração dos contratos

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Anunciada para 2013, duplicação da Rio-Santos ainda não saiu do papel

08/07/2014 - O Globo

RIO — Já se vão três anos e meio desde que a promessa foi feita. Mas a duplicação dos 160 quilômetros da Rodovia Rio-Santos (BR-101), de Itacuruçá, em Mangaratiba, até Paraty, divisa com São Paulo, até hoje não aconteceu e, ao que tudo indica, está longe de se concretizar. Única grande estrada de acesso ao Rio ainda não concedida à iniciativa privada, a via continua sendo, em grande parte, uma colcha de retalhos de asfalto remendado e irregular, que apenas ano passado registrou 1.175 acidentes, com 62 mortos. O projeto de construir novas pistas foi anunciado em dezembro de 2010, quando o então ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, inaugurou a duplicação de outro trecho, de 26 quilômetros, da Avenida Brasil até Itacuruçá. Os recursos viriam do PAC 2, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a dar prazo até 2011 para licitar o projeto e, de 2013, para iniciar as obras. Continua tudo no plano das ideias.

Até agora, a única intervenção que saiu do papel é a recuperação de cem quilômetros entre Paraty e Angra dos Reis, a um custo de aproximadamente R$ 60 milhões. O recapeamento está pronto da divisa com São Paulo até o Frade, assim como no perímetro urbano próximo ao Centro de Angra e a Japuíba. Áreas como as proximidades do Bracuí, também em Angra, continuam em obras, que, segundo o Dnit, terminam até dezembro.

BARREIRAS CONTINUAM NA PISTA

No trecho de cerca de 60 quilômetros de Itacuruçá a Angra, no entanto, que está em pior estado, não há sinal nem de duplicação, nem de recapeamento. Há trechos esburacados, desníveis que formam lombadas e remendos mais altos do que a pista original. A sinalização no asfalto muitas vezes está apagada. E, numa região onde o solo é instável e que tem histórico de deslizamentos, se a contenção foi feita em algumas encostas, há barreiras que caíram no acostamento ou em faixas de rolamento e continuam pelo caminho. Até mato cresce nelas.

É o que acontece na altura do km 422, em Mangaratiba, onde uma grande pedra e terra obstruem quase a metade de uma das faixa. Um perigo que, na opinião de Valter Feliciano, morador de Itaguaí, é um dos maiores da Rio-Santos. Ele, que é ciclista de estrada, diz não entender por que as barreiras não são retiradas.

— É preciso ficar atento para desviar delas — afirma Valter, que ressalta ainda o transtorno dos engarrafamentos próximo a Itacuruçá. — Principalmente em épocas de grande movimento, como carnaval, os carros vêm na pista dupla e, de repente, quando chegam ao túnel de Itacuruçá, encontram o funil de uma pista única, sem acostamento.

Valter já sofreu um acidente na rodovia. Foi atingido, de bicicleta, por uma Kombi no acostamento, sofreu uma lesão no ombro e ficou dois anos sem poder treinar. Risco que se reflete nos números de acidentes. Apenas no primeiro semestre deste ano, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), já foram 674 na Rio-Santos (contra 578 no mesmo período de 2013, ou 16,6% a mais), com 27 mortos e 129 feridos em estado grave. Dessas ocorrências, a maior parte (294 ou 43,6%) aconteceu no trecho de Angra, não duplicado, contra 138 em Mangaratiba, 125 em Itaguaí, 66 em Paraty e 51 no Rio.

A maioria é colisão traseira (166). Mas as colisões frontais (53 acidentes), mais comuns em pistas de mão dupla, foram as que deixaram mais mortos — 12 no total. Próximo a Angra, uma placa do Plano de Auxílio Mútuo da Costa Verde alerta, inclusive, para as estatísticas de acidentes.

No Bracuí, em Angra, até existe uma passarela ligando os dois lados do bairro. Mas é pouco usada. Difícil ver alguém atravessando por ela, enquanto pessoas cruzam a pista. O segurança Moacir Ferreira diz que o número de acidentes só diminuiu depois da instalação de quebra-molas:

— Antes, toda semana acontecia atropelamento.

Mas, se os quebra-molas foram uma solução para quem vive às margens da rodovia, a proliferação deles em várias áreas urbanas, além de dezenas de pardais de fiscalização eletrônica com diferentes velocidades, de até 40km/h, é motivo de reclamações de motoristas. O presidente da Associação de Turismo da Costa Verde, Dirceu Borin, chega a dizer que é um dos fatores que, hoje, mais prejudicam o turismo na região.

— Uma viagem do Rio a Paraty (que recebe a Flip a partir do dia 30) pode durar até mais de cinco horas — diz ele. — Com esses obstáculos e a má conservação, se houver um problema na usina nuclear de Angra, tenho certeza de que fica todo mundo preso aqui.

O Dnit informou que a duplicação da Rio-Santos está em fase de estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental, que precede os estudos ambientais e os projetos de engenharia para obras de infraestrutura de transportes de grande vulto. Não há prazo, portanto, para o início das intervenções.

Além do trecho de Itacuruçá a Angra, o estudo compreende outro em São Paulo. Superintendente do Dnit no Rio, Antonio Guanabarino diz que, por enquanto, estão em fase de licitação também serviços de conservação, restauração e manutenção de Angra até Itacuruçá. Segue em elaboração ainda uma licitação para obras de contenção de encostas em cerca de 70 segmentos da rodovia.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Arco Metropolitano deve injetar R$ 1,8 bilhão ao PIB do Estado do Rio

Com inauguração nesta terça-feira, via promete ainda reduzir custo de transporte e desafogar vias importantes

RAFAEL GALDO

01/07/2014 5:00

 O trecho de 71,2km do Arco Metropolitano custou R$ 1,9 bilhão e deve tirar da Avenida Brasil e da Via Dutra dez mil carretas e 22 mil veículos leves por dia Foto: Erica Ramalho / Divulgação
O trecho de 71,2km do Arco Metropolitano custou R$ 1,9 bilhão e deve tirar da Avenida Brasil e da Via Dutra dez mil carretas e 22 mil veículos leves por dia
Foto: Erica Ramalho / Divulgação

O trecho de 71,2km do Arco Metropolitano custou R$ 1,9 bilhão e deve tirar da Avenida Brasil e da Via Dutra dez mil carretas e 22 mil veículos leves por dia - Erica Ramalho / Divulgação
RIO — Foram mais de 40 anos desde a ideia original até a sua inauguração, nesta terça-feira. Com o objetivo de ligar os trechos norte e sul da BR-101 e desafogar importantes vias urbanas, como a Avenida Brasil e a Ponte Rio-Niterói, finalmente, a maior e mais importante parte do Arco Metropolitano do Rio será aberta ao tráfego. São 71,2 quilômetros de uma nova via, do entroncamento da BR-040 (Rio-Juiz de Fora), em Duque de Caxias, ao acesso ao Porto de Itaguaí, cortando as rodovias BR-465 (antiga Rio-São Paulo), BR-116 (Via Dutra) e BR-101 (Rio-Santos). E que, segundo cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), deve possibilitar uma injeção de mais de R$ 1,8 bilhão no PIB do Rio, reduzir em até 20% o custo do transporte de carga no estado e gerar mais de R$ 343 milhões em receita anual com arrecadação de impostos. Um impacto que começará a ser sentido já a curto prazo, mesmo que o arco não esteja completamente concluído, uma vez que cabe ao governo federal a duplicação e melhoria dos 25 quilômetros da BR-493, entre Magé e Manilha, que ainda não teve as obras sequer iniciadas.

Apesar disso, só o trecho que será aberto hoje, numa cerimônia com a presidente Dilma Rousseff e o governador Luiz Fernando Pezão, deve tirar da Avenida Brasil e da Rodovia Presidente Dutra dez mil carretas e 22 mil veículos leves por dia. As obras nesse trecho, sob responsabilidade do estado e com recursos do PAC, custaram aos cofres públicos R$ 1,9 bilhão, quase o dobro do orçado (R$ 965 milhões em 2008).

MAIS DE 40 EMPRESAS INTERESSADAS

Ao cruzar os municípios de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí, a obra pode trazer novas perspectivas para a região, afirma Riley Rodrigues, especialista em Competitividade e Infraestrutura da Firjan. Segundo ele, ao menos 40 empresas já manifestaram interesse em se instalar ao longo do Arco Metropolitano. E, entre os muitos impactos econômicos a serem gerados, um dos mais importantes, ressalta Riley, será a melhoria no acesso ao Porto de Itaguaí e o consequente aumento na movimentação do terminal.

— Atualmente, é um porto subutilizado. Das 52 milhões de toneladas em exportações e 4,5 milhões de toneladas em importações que Itaguaí movimentou ano passado, 80% foram minério. Resolvido o acesso, outros tipos de carga poderão chegar ao porto. Além disso, empresas de setores como alimentício, têxtil, petroquímico e de logística devem se instalar ao longo do arco. E a expectativa é que, até 2020, sejam gerados 10.700 empregos na região. Mas para essa expansão se dar de forma ordenada, os municípios precisam tomar uma série de medidas, como atualização de seus planos diretores e leis de ocupação e uso de solo — ressalva.

Ao todo, quando estiver pronto, o Arco terá 145 quilômetros, de Itaboraí a Itaguaí, com possibilidade de ser estendido até Maricá. Os 71,2 quilômetros serão entregues hoje com quatro anos de atraso. Demora que o governo vem atribuindo a vários fatores, como a necessidade de alterações no trajeto devido à descoberta da perereca Physalaemus soaresi, espécie ameaçada de extinção, na Floresta Nacional Mário Xavier (Flona), em Seropédica, e de dezenas de sítios arqueológicos no caminho.

PERIGO E GARGALOS NA BR-393

Já na BR-493, pela qual o Arco alcança Itaboraí — município onde está sendo construído o Polo Petroquímico do Rio, o Comperj —, a situação da pista continua ruim, com buracos, sinalização precária e um histórico de acidentes e atropelamentos. Ao longo da rodovia, o perigo é tamanho que alguns motoristas e moradores da região a chamam de estrada da morte. O quadro é agravado pelo tráfego pesado na via, com um intenso movimento de caminhões entre o sul do estado e a Região dos Lagos, além de Niterói, São Gonçalo e Norte Fluminense, sobretudo com a proibição da passagem desses veículos pela Ponte Rio-Niterói, das 4h às 22h.

— Três vezes por semana tenho que passar por este tormento. O perigo é ainda maior quando anoitece, já que a estrada não tem iluminação nem sinalização, além de estar cheia de buracos. Todos corremos riscos: motoristas e pedestres que circulam pela via, cercada de áreas urbanas — diz o caminhoneiro Gilberto Amaro Pereira, que transporta material de construção entre São Paulo e Niterói.

Os perigos a que ele se refere ficam claros em toda a estrada. Só num trecho de cerca de um quilômetro em Itambi, em Itaboraí, são oito borracharias, número que o borracheiro Daniel Siqueira Neto atribui ao desgaste dos pneus dos caminhões no asfalto esburacado. Já na altura de Guapimirim, o caminhoneiro Ednaldo de Souza Santos esperava por um reboque ontem, depois de o veículo quebrar ao passar por um desnível. Perto de Santa Guilhermina, em Magé, pedestres se equilibravam entre a mureta destruída de uma ponte e os caminhões, que tiravam fino deles. No bairro Barbuda, na mesma cidade, garantia o aposentado Nelson Martins, é difícil encontrar alguém que não tenha perdido um conhecido atropelado. No entroncamento da rodovia com a BR-101 e a RJ-104, em Manilha, motoristas reclamavam de engarrafamentos diários, que atrapalham quem segue pela Niterói-Manilha em direção à Região dos Lagos, e que tenderão a piorar com a inauguração do acesso ao Comperj pela região de Itambi, prevista para breve.

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as obras na rodovia só devem ficar prontas em 2016. Segundo o órgão, as licitações para duplicar e fazer melhorias na BR-493 foram finalizadas no fim do ano passado, e o departamento ainda trabalha para terminar o projeto e dar início às obras, em agosto. Do total de R$ 1,23 bilhão investidos pelo governo no Arco Metropolitano, R$ 405 milhões serão destinados para o trecho.

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