terça-feira, 1 de julho de 2014

Arco Metropolitano deve injetar R$ 1,8 bilhão ao PIB do Estado do Rio

Com inauguração nesta terça-feira, via promete ainda reduzir custo de transporte e desafogar vias importantes

RAFAEL GALDO

01/07/2014 5:00

 O trecho de 71,2km do Arco Metropolitano custou R$ 1,9 bilhão e deve tirar da Avenida Brasil e da Via Dutra dez mil carretas e 22 mil veículos leves por dia Foto: Erica Ramalho / Divulgação
O trecho de 71,2km do Arco Metropolitano custou R$ 1,9 bilhão e deve tirar da Avenida Brasil e da Via Dutra dez mil carretas e 22 mil veículos leves por dia
Foto: Erica Ramalho / Divulgação

O trecho de 71,2km do Arco Metropolitano custou R$ 1,9 bilhão e deve tirar da Avenida Brasil e da Via Dutra dez mil carretas e 22 mil veículos leves por dia - Erica Ramalho / Divulgação
RIO — Foram mais de 40 anos desde a ideia original até a sua inauguração, nesta terça-feira. Com o objetivo de ligar os trechos norte e sul da BR-101 e desafogar importantes vias urbanas, como a Avenida Brasil e a Ponte Rio-Niterói, finalmente, a maior e mais importante parte do Arco Metropolitano do Rio será aberta ao tráfego. São 71,2 quilômetros de uma nova via, do entroncamento da BR-040 (Rio-Juiz de Fora), em Duque de Caxias, ao acesso ao Porto de Itaguaí, cortando as rodovias BR-465 (antiga Rio-São Paulo), BR-116 (Via Dutra) e BR-101 (Rio-Santos). E que, segundo cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), deve possibilitar uma injeção de mais de R$ 1,8 bilhão no PIB do Rio, reduzir em até 20% o custo do transporte de carga no estado e gerar mais de R$ 343 milhões em receita anual com arrecadação de impostos. Um impacto que começará a ser sentido já a curto prazo, mesmo que o arco não esteja completamente concluído, uma vez que cabe ao governo federal a duplicação e melhoria dos 25 quilômetros da BR-493, entre Magé e Manilha, que ainda não teve as obras sequer iniciadas.

Apesar disso, só o trecho que será aberto hoje, numa cerimônia com a presidente Dilma Rousseff e o governador Luiz Fernando Pezão, deve tirar da Avenida Brasil e da Rodovia Presidente Dutra dez mil carretas e 22 mil veículos leves por dia. As obras nesse trecho, sob responsabilidade do estado e com recursos do PAC, custaram aos cofres públicos R$ 1,9 bilhão, quase o dobro do orçado (R$ 965 milhões em 2008).

MAIS DE 40 EMPRESAS INTERESSADAS

Ao cruzar os municípios de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí, a obra pode trazer novas perspectivas para a região, afirma Riley Rodrigues, especialista em Competitividade e Infraestrutura da Firjan. Segundo ele, ao menos 40 empresas já manifestaram interesse em se instalar ao longo do Arco Metropolitano. E, entre os muitos impactos econômicos a serem gerados, um dos mais importantes, ressalta Riley, será a melhoria no acesso ao Porto de Itaguaí e o consequente aumento na movimentação do terminal.

— Atualmente, é um porto subutilizado. Das 52 milhões de toneladas em exportações e 4,5 milhões de toneladas em importações que Itaguaí movimentou ano passado, 80% foram minério. Resolvido o acesso, outros tipos de carga poderão chegar ao porto. Além disso, empresas de setores como alimentício, têxtil, petroquímico e de logística devem se instalar ao longo do arco. E a expectativa é que, até 2020, sejam gerados 10.700 empregos na região. Mas para essa expansão se dar de forma ordenada, os municípios precisam tomar uma série de medidas, como atualização de seus planos diretores e leis de ocupação e uso de solo — ressalva.

Ao todo, quando estiver pronto, o Arco terá 145 quilômetros, de Itaboraí a Itaguaí, com possibilidade de ser estendido até Maricá. Os 71,2 quilômetros serão entregues hoje com quatro anos de atraso. Demora que o governo vem atribuindo a vários fatores, como a necessidade de alterações no trajeto devido à descoberta da perereca Physalaemus soaresi, espécie ameaçada de extinção, na Floresta Nacional Mário Xavier (Flona), em Seropédica, e de dezenas de sítios arqueológicos no caminho.

PERIGO E GARGALOS NA BR-393

Já na BR-493, pela qual o Arco alcança Itaboraí — município onde está sendo construído o Polo Petroquímico do Rio, o Comperj —, a situação da pista continua ruim, com buracos, sinalização precária e um histórico de acidentes e atropelamentos. Ao longo da rodovia, o perigo é tamanho que alguns motoristas e moradores da região a chamam de estrada da morte. O quadro é agravado pelo tráfego pesado na via, com um intenso movimento de caminhões entre o sul do estado e a Região dos Lagos, além de Niterói, São Gonçalo e Norte Fluminense, sobretudo com a proibição da passagem desses veículos pela Ponte Rio-Niterói, das 4h às 22h.

— Três vezes por semana tenho que passar por este tormento. O perigo é ainda maior quando anoitece, já que a estrada não tem iluminação nem sinalização, além de estar cheia de buracos. Todos corremos riscos: motoristas e pedestres que circulam pela via, cercada de áreas urbanas — diz o caminhoneiro Gilberto Amaro Pereira, que transporta material de construção entre São Paulo e Niterói.

Os perigos a que ele se refere ficam claros em toda a estrada. Só num trecho de cerca de um quilômetro em Itambi, em Itaboraí, são oito borracharias, número que o borracheiro Daniel Siqueira Neto atribui ao desgaste dos pneus dos caminhões no asfalto esburacado. Já na altura de Guapimirim, o caminhoneiro Ednaldo de Souza Santos esperava por um reboque ontem, depois de o veículo quebrar ao passar por um desnível. Perto de Santa Guilhermina, em Magé, pedestres se equilibravam entre a mureta destruída de uma ponte e os caminhões, que tiravam fino deles. No bairro Barbuda, na mesma cidade, garantia o aposentado Nelson Martins, é difícil encontrar alguém que não tenha perdido um conhecido atropelado. No entroncamento da rodovia com a BR-101 e a RJ-104, em Manilha, motoristas reclamavam de engarrafamentos diários, que atrapalham quem segue pela Niterói-Manilha em direção à Região dos Lagos, e que tenderão a piorar com a inauguração do acesso ao Comperj pela região de Itambi, prevista para breve.

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as obras na rodovia só devem ficar prontas em 2016. Segundo o órgão, as licitações para duplicar e fazer melhorias na BR-493 foram finalizadas no fim do ano passado, e o departamento ainda trabalha para terminar o projeto e dar início às obras, em agosto. Do total de R$ 1,23 bilhão investidos pelo governo no Arco Metropolitano, R$ 405 milhões serão destinados para o trecho.

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