sexta-feira, 28 de maio de 2010

Duplicação da BR-101 atrasa e fica para 2012


27/5/2010
O Estado de S.Paulo

Obra mais reivindicada por gaúchos e catarinenses desde os anos 80 do século passado, a duplicação do trecho sul da BR-101, entre Palhoça (SC) e Osório (RS), começou a sair do papel em 2005, mas ainda não está pronta. Tanto quanto as promessas no período anterior, os atrasos se sucedem na execução do projeto.
   
Pelas previsões mais otimistas, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), tudo estará pronto até o fim de 2012. Mas, com base em estudos próprios, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) vem afirmando que não há mais como esperar que a conclusão ocorra antes de 2014. Já o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), José Carlos Silvano, vê a demora como excessiva. "Quando pronta, a duplicação já estará obsoleta."
   
A espera incomoda moradores dos 17 municípios catarinenses e oito gaúchos cortados pelos 348 quilômetros do trecho em duplicação da rodovia, todos preocupados com os altos índices de acidentes, sobretudo por atropelamento, enquanto as passarelas não forem construídas. E preocupa também empresários e caminhoneiros. A BR-101 concentra o maior volume de cargas entre o Sul e as demais regiões. Também faz parte do Corredor do Mercosul, que vai de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul.
   
Há transtornos também para passageiros de ônibus e turistas, que estão entre os principais usuários da rodovia, sobretudo no verão. As viagens de ônibus entre Porto Alegre e Florianópolis, que duravam seis horas, chegam a demorar oito. Enquanto a duplicação não fica pronta, os motoristas são obrigados a trafegar por vários desvios. Em fevereiro, no carnaval, houve congestionamentos de 20 quilômetros na região de Laguna e de 17 quilômetros perto de Palhoça.
   
Os dados do volume de tráfego no trecho sul da BR-101 são contraditórios, mas a maioria das fontes concorda que a estimativa de 20 mil veículos por dia é razoável. O DNIT calcula ainda que o número de usuários cresça a 10% ao ano e 30% a cada verão.
   
O empresário Cláudio Alberto Damo, presidente da Associação Empresarial do Vale do Araranguá (Aciva), diz que todo o trecho não duplicado já era um gargalo por estar entre outros dois, duplicados. As obras começaram em 2005 e já exigiram investimentos de R$ 1,2 bilhão, do R$ 1,6 bilhão previsto. No lado catarinense, o maior e mais crítico, 143 dos 248 quilômetros já estão com a pista duplicada e entregue ao tráfego, segundo o DNIT.
   
Preocupada com os atrasos, a Fiesc encomendou estudos a um consultor, o engenheiro Ricardo Saporiti, para avaliar o que está pronto e o que não está. A conclusão, apresentada em dezembro, indicou que, além dos chamados quatro grandes gargalos - Lote 29, Morro dos Cavalos, Canal Laranjeira e Morro do Formigão -, ainda faltam 59 passarelas, seis viadutos simples, 14 viadutos duplos e 26 passagens inferiores.
   
No lado gaúcho, a expectativa é entregar os 99 quilômetros de pista duplicados até setembro e de construir a ponte que falta sobre o Rio Três Forquilhas e instalar os sistemas de iluminação e ventilação dos túneis do Morro Alto até dezembro.
   

PARA LEMBRAR

   
Construída no início dos anos 70, a BR-101 foi projetada para 4,6 mil veículos por dia nos trechos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A a capacidade foi rapidamente superada pela demanda. No fim dos anos 80, comunidades catarinenses cortadas pela BR-101 começaram a se mobilizar para pedir a duplicação. E tiveram de enfrentar promessas e atrasos. Após várias idas e vindas, licitação cancelada e outros percalços, as obras começaram em 2005. A previsão de término, em 2007, já foi adiada pelo menos duas vezes. A nova, oficial, é para 2012.