17/06/17 - O Tempo
Plataforma Buser inicia operações em junho, com rotas entre Belo Horizonte, Ipatinga e Viçosa
Responsáveis pelo Buser prometem seguir regras do DEER para viagens fretadas; associação de usuários desconfia
LUDMILA PIZARRO
Com preços até 50% menores que a concorrência, a Buser, plataforma desenvolvida em Belo Horizonte, promete levar ao mercado das viagens intermunicipais e interestaduais a mesma revolução feita pela Uber no transporte de passageiros nas grandes cidades. “Se uma pessoa freta um ônibus para determinada cidade, o valor unitário fica menor. O que estamos fazendo é isso. Temos empresas parceiras de fretamento de ônibus e conectamos pessoas que querem ir para o mesmo destino”, afirma o sócio da Buser, Marcelo Vasconcellos.
A empresa começará a operar no mês que vem. As duas primeiras viagens sairão no dia 7 de julho da capital mineira com destino a Ipatinga e Viçosa. Segundo Vasconcellos, os próximos destinos serão São Paulo e Rio de Janeiro, saindo de Belo Horizonte. No futuro, a empresa deve realizar viagens entre São Paulo e Curitiba e São Paulo e Rio de Janeiro. Além de preço, a Buser também promete conforto, com ônibus executivos e semi-leitos.
Mas assim como a Uber, a Buser não deve escapar da polêmica, já que as rotas de viagens entre municípios no Brasil são feitas por concessão pública. Responsável pela autorização de viagens intermunicipais em Minas, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem do Estado (DEER/MG) divulgou em nota que “até o momento, não foi consultado oficialmente pelos idealizadores do aplicativo e sobre sua implementação”.
Segundo o órgão, empresas que fazem “o transporte remunerado de pessoas” devem seguir a legislação e que viagens com ônibus fretados precisam apresentar uma lista com o nome dos passageiros fechada, com antecedência de 12 horas da viagem. Os passageiros que vão ao destino devem ser os mesmos que voltam. Vasconcellos, porém, afirma que a empresa seguirá essa legislação. “Estamos dentro do marco regulatório. As empresas parceiras que farão as viagens são licenciadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pelo DEER”, diz.
Responsável pelas viagens interestaduais, a ANTT informa que “para prestar serviço de transporte interestadual de passageiros a empresa deverá estar autorizada por essa agência, após cumprir as exigências contidas na legislação”.
O presidente da Confederação Nacional dos Usuários de Transportes (Conut), José Felinto, diz que a proposta gera desconfiança. “Empresa de fretamento não pode ter linha regular, são coisas diferentes”, adverte.
Em seu site, a Buser divulga que cobrará R$ 69,90 o trecho Curitiba a São Paulo. Para Felinto, esse valor pode configurar concorrência predatória. “Temos que ver a planilha de custo da empresa, mas é difícil imaginar que com esse custo, a empresa conseguirá um lucro acima de 5%”, avalia. “Se for seguro, pode ser bom para o usuário pelo desconto e pelo conforto”, pondera Felinto.
Cadastro. A Buser está cadastrando no site buser.com.br para os interessados em fazer viagens pela empresa. Para cadastrar-se é necessário informar o e-mail.
Lotação mínima será de 50% a 60%
O aplicativo para smartphones da Buser, que irá rodar em Android e iOS, será lançado no próximo mês. Por enquanto, a plataforma de viagens de ônibus está disponível para contato no próprio site e na página do Facebook. “Queremos lançar o aplicativo no dia 7 de julho, junto com a primeiras viagens, mas ainda estamos avaliando”, afirma o sócio da empresa, Marcelo Vasconcellos.
O empresário explica que a ideia da empresa não é vender passagens de última hora. “Precisamos fechar uma lista de passageiro, por isso estamos analisando um prazo de 72 horas para fechar a viagem”, diz.
Com lotação de 50% a 60% do ônibus já será possível garantir a viagem, segundo Vasconcellos. “Mesmo que nas primeiras viagens a gente fique no zero a zero, é importante garantir as viagens para que os usuários conheçam e divulguem o nosso trabalho”, avalia o empresário.
Dono critica legislação atual do setor
A regulação atual de transporte rodoviário intermunicipal e interestadual foi criticada pelo sócio da Buser, Marcelo Vasconcellos. “Todo marco regulatório é ultrapassado”, afirma. “Estamos trazendo para o Brasil um modelo de sucesso no exterior. Na Europa, o modelo brasileiro, em que as rotas são concedidas pelo governo a empresas, foi substituído por um modelo mais moderno”, acrescenta o sócio de Vasconcellos, Marcelo Abritta.
Mesmo assim, Vasconcellos afirma que a empresa está dentro da legislação atual brasileira. “No futuro, esperamos que o marco regulatório brasileiro se atualize. Mas hoje, estamos totalmente dentro da lei”, argumenta o empresário.
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