sexta-feira, 14 de setembro de 2018

BR-319

Extensão: 980,4 Km
Trecho: Porto Velho (RO) / BR-364 - Manaus (AM)

Histórico

Em julho de 1966, o Governo do Estado do Amazonas contrata uma empresa para estudar a viabilidade de construção de uma rodovia entre Manaus e Porto Velho.

Em 1967, o Governo Federal  cria a Zona Franca de Manaus,  através  do Decreto-Lei nº 288, estabelecendo incentivos fiscais por 30 anos para criar um polo industrial, comercial e agropecuário na Amazônia.

No dia 4 de agosto de 1967, parte de Manaus uma equipe com 46 de homens abrindo a picada até Humaitá, numa extensão de 650 Km, somente retornando no dia 23 de abril de 1968.

Em fevereiro de 1968, o Governo Federal conclui os estudos do Plano Integrado de Transportes e de viabilidade para a construção da Rodovia Manaus - Porto Velho, com 820 quilômetros de extensão, iniciados pelo Governo do Amazonas em 1966.

Em, 1968 o Governo do Estado do Amazonas inicia a construção da BR-319, pelo Departamento Estadual de Estradas de Rodagens (DER), através da Construtora Andrade Gutierrez. Na época da construção, a BR-319 era conhecida como a rodovia da Integração, da Coragem, ou da Esperança.

Em 1969, no dia 12 de novembro, a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento do Amazonas) libera 1,5 bilhão de cruzeiros para a conclusão da implantação do trecho Manaus - Humaitá da Rodovia BR-319, aberta ao tráfego no fim do ano. Humaitá tornava-se o primeiro município amazonense ligado ao sistema rodoviário nacional.

Em setembro de 1970, é concluída a pavimentação dos primeiros 10 Km, a partir do Careiro, atual Várzea.

Em outubro de 1970, o trecho Humaitá - Manaus, com 877 km de extensão,  já estava todo desmatado e com 350 km do serviço de terraplenagem já realizado. O trecho Porto Velho - Humaitá já estava aberto ao tráfego.

No dia 13 de março de 1971, é oficialmente inaugurada a primeira etapa da Rodovia, que já contava com trecho pavimentado de 40 Km de extensão, a partir de Careiro (Várzea).

Em junho de 1971, o serviço de terraplenagem,  a partir de Manaus,  já havia ultrapassado o rio Tupanã, no Km 164.

Em setembro de 1971, iniciando o processo de colonização da BR-319, o trecho Araçá – Castanho já contava com 71 famílias assentadas espontaneamente, totalizando 410 pessoas. No mesmo ano, com a chegada da primeira família, é fundado o povoado de Realidade, junto ao córrego de mesmo nome, na altura do Km 588, no município de Humaitá. O povoado, no entanto, só foi fundado oficialmente em 11 de maio de 1988 e elevado à categoria de vila em 2019, com a criação do Distrito de mesmo nome. 

Em janeiro de 1972, a BR-319 já contava com cerca de 500 quilômetros implantados e 70,390 Km pavimentados, faltando apenas a implantação de um trecho de 185 Km.

Em agosto de 1972, um trecho de 100 km de extensão, entre o porto de Castanho e a cidade de Careiro  já estava pavimentado. No trecho entre o Rio Negro e Castanho foram construídas 5 pontes: Capitari, Curuçá, Paraná do Autaz, Paraná do Araçá, e Castanho, a maior de todas, com cerca de 200 metros de extensão. O trecho Porto Velho - Humaitá, ainda não pavimentado, já contava com linha regular de ônibus. O serviço de terraplenagem se encontrava no Rio Jutaí, na altura do Km 375.

Em 1972 é iniciada a instalação dos primeiros núcleos de colonização entre Careiro (Várzea) e Castanho. O entorno da estrada já abrigava cerca de 10 mil pessoas, entre colonos e operários. Já estava concluída a pavimentação do trecho Careiro Castanho, com cerca de 100 Km, o trecho de maior dificuldade de construção, onde houve necessidade de elevar o greide 3,5 metros acima do leito natural, evitando as constantes enchentes. O serviço de terraplenagem já estava pronto até o Km 375 no Rio Jutaí, e no trecho de 220 Km entre Porto Velho e Humaitá, que já contava com linha regular de ônibus. Haviam cinco frentes de trabalho, cada uma com um aeroporto. Estavam sendo realizados estudos para implantação de ramais para Autazes, Tapauá e Novo Aripuanã. Planejava-se a transferência da sede do município do Careiro para Araçá.no Km 40 da Rodovia BR-319, na confluência da atual rodovia AM-254 para Autazes. 

Em setembro de 1972, enquanto é iniciada a construção do terminal do ferry-boat em Manaus, é concluída a implantação do trecho Castanho - Igapó Açu, com cerca de 145 Km de extensão.

Em outubro de 1972, é aberto ao tráfego o trecho de 5,750 Km de extensão,  entre Manaus e o terminal do Ferry-boat, com duas pistas pavimentadas de 7 metros de largura e canteiro central de 3 metros. O terminal do "ferry-boat" ainda estava em construção. A estrada começava na estrada do Contorno, no Distrito Industrial da Suframa, seguindo até a margem do Rio Negro. 

No dia 8 de novembro de 1972, na altura do Km 500, com a presença do Ministro dos Transportes, Mario Andreazza, e do Governador do Estado do Amazonas, João Walter de Andrade, além de jornalistas e outras autoridades, é derrubada a última árvore para a abertura da BR-319, concluindo o trecho até Humaitá, ainda em condições precárias. Manaus deixava de ser a única capital ainda não integrada ao sistema rodoviário nacional. Uma placa de bronze foi fincada no local, com a seguinte inscrição:

"A primeira ligação rodoviária de Manaus com todo o território nacional tornou-se realidade neste local, na presença do Ministro dos Transportes e do Governador do Amazonas, em 08/11/1972". 

No mesmo dia, partem de Porto Velho os primeira carros a percorrerem toda a BR-319, três camionetes do Departamento de Estradas de Rodagem do Amazonas, que percorrem o trecho até Manaus em dois dias, junto com mais duas camionetes do Consag a partir de Humaitá. A caravana foi recebida na manhã do dia 11 de novembro de 1972 pelo engenheiro Orlando Holanda do DER-AM e pela imprensa local. Os veículos fizeram a travessia do rio Solimões pela barcaça "Ariramba". 

No dia 3 de abril de 1973, a Emprêsa de Transportes Andorinha S.A. solicita, junto ao 1º Distrito Rodoviário,  autorização para explorar uma linha de ônibus entre o Rio de Janeiro e Manaus, via BR-319.

Em julho de 1973, prosseguia o serviço de pavimentação da Rodovia, já contando com 175 Km concluídos.

No dia 30 de julho de 1973, chegam a Manaus 3 ônibus provenientes de Humaitá (AM), da Viação Motta, transportando estudantes, concluindo a primeira viagem de ônibus entre Porto Velho e Manaus. O trecho Humaitá-Manaus foi percorrido em 10 horas. Em alguns trechos os ônibus foram rebocados por máquinas da Construtora Andrade Gutierrez, responsável pela construção. A viagem foi oferecida de cortesia pela Viação Motta, que já explorava o trecho Porto Velho - São Paulo e planejava participar da concorrência da linha Porto Velho - Manaus. 



Primeira viagem da Viação Motta entre Porto Velho e Manaus em 30/07/1973


Em janeiro de 1974, com os trabalhos de terraplenagem já concluídos, a Rodovia BR-319, a partir de Careiro, já contava com mais de 300 Km pavimentados.

No dia 30 de janeiro de 1974, é inaugurado o segundo trecho da Rodovia Transamazônica, atual BR-230, entre Itaituba e Humaitá.

Em 1974, no dia 5 de novembro, chegam a Manaus, transferidas do Rio de Janeiro, duas barcaças usadas na  travessia de veículos da baía de Guanabara, cujo serviço foi desativado após a inauguração da ponte Rio-Niterói. Sendo que uma barcaça passa a ser usada na travessia do Rio Negro entre Manaus e porto de Castanho, na BR-319, e a outra na travessia Manuel Urbano, entre Manaus e Manacaparu. O serviço de Ferry-boat no rio Negro, entre Manaus e Careiro, com capacidade para 40 veículos de tamanho médio, é inaugurado oficialmente no dia 11 de novembro de 1974.

Em março de 1975, quando  rodovia ainda se encontrava com alguma condição de tráfego, o DER-AM entrega ao Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER) a responsabilidade de sua manutenção. Em maio de 1975, após 3 meses de abandono, a rodovia já se encontrava em estado precário, com mato invadindo a pista, bueiros desalinhados, erosões, pontes quebradas e águas de igarapés cobrindo a pista, além de muitos buracos no trecho entre Careiro e Castanho. A Petrobrás que havia iniciado a construção de 5 postos de abastecimento, abandona o projeto, visto o abandono criminoso da estrada pelo DNER. A população não entendia por que depois de tanto esforço para sua construção, a estrada foi completamente abandonada. A rodovia passa então a ser percorrida somente por aventureiros e jeeps de caçadores.

Em maio de 1975, a repetição anual dos problemas provocados pelas enchentes do rio Solimões estava motivando a transferência da sede municipal do Careiro (atual Várzea) para o junto do lago do Castanho, em terra firme, na altura do Km 100. O Instituto de Cooperação Técnica Intermunicipal já havia aprovado e projetada a transferência da sede para as margens do Lago Castanho. No mesmo ano é iniciado o desmatamento para abertura das primeiras ruas e avenidas da futura cidade. Também são construídas, a cada 10 Km, no trecho Careiro-Castanho escolas de madeira, com capacidade para 40 alunos cada.

Em 1976, no dia 20 de janeiro, a BR-319 totalmente asfaltada, mas ainda em obras, é aberta ao tráfego de veículos, ainda em caráter experimental, somente para veículos leves e utilitários.  As balanças, localizadas em Manaus, Porto Velho e Humaitá, também estavam sendo construídas. Finalmente, no dia 25 de março, com a presença do presidente da república, a Rodovia BR-319 é oficialmente inaugurada.

No dia 10 de maio de 1976, é iniciada a operação das  3 balanças. O peso bruto de qualquer veículo estava limitado a 9 toneladas, e a carga máxima por eixo era de 6 toneladas.

Em agosto de 1976, a Emprêsa de Transportes Andorinha e a Viação Motta, sediadas em Presidente Prudente (SP), vencem a licitação para a concessão da linha de ônibus Rio de Janeiro - Manaus, com 4.538 km de extensão, tempo de viagem de 85 horas e tarifa de Cr$ 745. Nota-se que o trecho entre Cuiabá e Porto Velho, percorrido em 36 horas, ainda não era asfaltado. O trecho Rio de Janeiro - São Paulo - Campo Grande era percorrido em 20 horas. O trecho Porto Velho - Manaus, percorrido em 18 horas era feito em microônibus com capacidade para 21 passageiros, por exigência do DNER. Ambas as empresas já exploravam a linha Manaus - Humaitá.

No dia 6 de abril de 1977, o presidente da república Ernesto Geisel inaugura a Rodovia BR-174, ligando a capital amazonense ao território do Roraima, até a fronteira da Venezuela.

Em setembro de 1977, a balsa Manaus-Careiro(Várzea) operava com 3 horários/dia/sentido, com saídas de Manaus às 7h, 11h e 15h, e saídas do Careiro às 9h, 13h e 17h.


Revista Sua Boa Estrela Nº 60,  1977


Em setembro de 1978, em função da falta de manutenção, mesmo sendo asfaltada, alguns trechos da BR-319 estavam quase intransitáveis.  

Em novembro de 1978, segundo a Enasa (Empresa de Navegação da Amazônia), passaram pela balsa do Rio Negro 38.591 pessoas e 4.579 veículos, sendo 255 caminhões pesados, 1.555 caminhões médios, 257 caminhões leves, 290 camionetes píck up, 379 ônibus, 1.313 automóveis, 4 motocicletas, 3 bicicletas e 83 carretas.  

Em janeiro de 1979, a Secretaria de Transportes do Estado do Amazonas anuncia o plano de construção de ramais rodoviários entre a BR-319 e as localidades de Autazes, Nova Olinda, Tapauá, e Manicoré. O primeiro ramal, para Lábrea já havia sido entregue, diminuindo o tempo de viagem para Manaus de 8 dias para apenas 14 horas.

No dia 19 de setembro de 1979, o governador do Estado do Amazonas, José Lindoso, inaugura as obras de abertura da rodovia AM-461 / BR-080 ligando a BR-319 aos municípios de Autazes e Nova Olinda do Norte. 

Em outubro de 1979, apenas uma balsa era usada na travessia do Rio Negro em Manaus, gerando grande tempo de espera. A travessia era feita em 45 minutos, sem contar os tempos de embarque e desembarque. O serviço era explorado pela Empresa de Navegação da Amazônia (ENASA). 

Em 1980, duas empresas de ônibus percorriam a BR-319: a Andorinha e Softur.


Ônibus da Viação Andorinha, saindo da balsa do Rio Negro, seguindo para Porto Velho, em 1980. Fotógrafo não identificado.

Na década de 1980, a rodovia passa a receber apenas tráfego sazonal, entre e maio e setembro, fora do período das chuvas, resultando no abandono de fazendas, casas, sítios e postos de combustível no início da década de 1990.

Em 1982, é aberto o ramal para a cidade de Manicoré, trecho integrante da BR-174, mais tarde estadualizado, se transformando na AM-364. O ramal também planejado para a cidade de Tapauá (AM) nunca foi construído.

Em 1984, a partir do dia 28 de fevereiro, o DNER proíbe a circulação de carretas e caminhões trucados de dois eixos na BR-319. 

Em maio de 1984, em função do péssimo estado da Rodovia, a linha de ônibus Porto Velho - Manaus, operada pela Eucatur, estava paralisada.

Em 1985, ainda existiam diversas fazendas agrícolas que comercializavam sua produção às margens da Rodovia, em alguns casos até nas cidades. No mesmo ano é fechado o posto de gasolina de Piquiá, na altura do Km 500.

Em 1987 a rodovia é fechada, após os supostos serviços de manutenção de uma construtora, onde, segundo moradores, houve a destruição intencional do pavimento. 

Entre 1987 e 1988 circula a última linha regular de ônibus. Em dezembro de 1989, com a estrada intrafegável, os últimos postos de combustíveis foram abandonados.

Até 1995, ao menos, nenhum veículo conseguia trafegar pela estrada, com exceção do pessoal da Embratel que cuidava da manutenção das torres e dos cabos de fibra ótica. Provavelmente a rodovia teria sido coberta pela mata se não fosse a presença do pessoal da Embratel.

No ano 2000, durante o mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso, a reconstrução da estrada foi incluída no Programa Avança Brasil, mas não teve prosseguimento.

Em 2001, cinco anos após ter sido incluída no primeiro plano de governo, foram repavimentados os primeiros 58 km da BR-319, depois do entroncamento com a rodovia Transamazônica, e também os 100 Km no extremo norte da rodovia, entre Careiro da Várzea e Careiro Castanho.

Em 2005,  é retomado o serviço de manutenção da Rodovia.

No dia primeiro de junho de 2005, o Governo do Estado do Amazonas cria a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Amapá, com área aproximada de 216.109 hectares, localizada no município de Manicoré.

Em janeiro de 2006, o Decreto Federal s/nº estabelece a Alap – Área de Limitação Administrativa Provisória da região da BR-319, com o intuito de realizar estudos e levantamento para a criação de Unidades de Conservação ao longo da rodovia. O Grupo de Trabalho responsável pela proposta de Unidades de Conservação foi coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, e vários órgãos federais e estaduais, Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Incra, Inpa, Funai, Embrapa, SDS/AM entre outros. Em julho de 2006 foram realizadas seis consultas públicas que discutiram as propostas de criação das Unidades de Conservação na área de influência da BR-319, nas cidades de Tapauá, Canutama, Lábrea, Humaitá, Manaus.

No dia 22 de  junho de 2007, foi assinado o Termo de Acordo e Compromisso entre Ibama e DNIT, que autorizou obras de restauração nos segmentos A (km 0,0 a 177,8), segmento B (Km 655,7 a 887,4), e continuidade das obras de pavimentação/reconstrução no segmento C (km 177,8 a 250), instituindo a necessidade de apresentação e execução pelo DNIT de diversos Programas Ambientais nesses trechos. Foi definida também a extensão do trecho objeto do EIA/Rima (Trecho do Meio), entre os km 250 a 655,7.

No dia 17 de setembro de 2007, através da Portaria nº 40/2007 é criado o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Realidade, localizado no entorno do Km 570 da Rodovia BR-319, com uma área de 42.901 hectares, inicialmente para as atividades de extrativismo de açaí e castanha, seguido de banana, macaxeira e abacaxi.  

Em 2007, o povoado de Realidade, no município de Humaitá, ganha sua primeira escola pública. Em 2013 a escola contava com 350 alunos e um ônibus escolar para o transporte de um raio de até 15 Km. 

No dia 27 de março de 2009, através do Decreto Estadual nº 28.420 do Estado do Amazonas, é criada a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Igapó-açu, com área aproximada de 397.557,32 há, localizada nos municípios de Borba, Beruri e Manicoré.

Em 2010, é reinaugurada a pavimentação do trecho Humaitá - Porto Velho, aberto ao tráfego em 1970, ainda em estrada de chão.

Em 2010, no dia 26 de janeiro, o DNIT abre os envelopes da licitação para a construção da ponte sobre o Rio Madeira, em Porto Velho.

No dia 15 de setembro de 2014, em Porto Velho, após 5 anos de obras, é inaugurada a ponte sobre o Rio Madeira, substituindo o serviço de balsa do mesmo local.


Em 2014, O DNIT obteve junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) a Licença Ambiental Única (LAU 422/14), que garantiu ao Dnit a autorização para realizar obras de manutenção e recuperação do Trecho do Meio da BR-319.

No dia 9 de outubro de 2015, início das operações da empresa Siqueira Tur na linha Humaitá (AM) - Manaus (AM).

Em outubro de 2015, são reativadas as linhas de ônibus intermunicipais e interestaduais, interligando as localidades de Humaitá, Lábrea, Manaus, Porto Velho e Manicoré. Em 2016, quatro empresas exploravam o trecho, entre elas a Siqueira Tur, Transbrasil e Eucatur.

Em 2015, a obra de restauração da rodovia, que se arrastava desde 2001, é mais uma vez embargada. 

No final de 2016, nos arredores da Vila de Realidade, é iniciado o desmatamento para a implantação de pastos. Na época a banana ainda era a principal cultura da região.

Em julho de 2017, o Ministério Público do Amazonas cria o Fórum de Discussão Permanente da BR-319, com o objetivo de apresentar de forma clara e transparente o processo de licenciamento dessa rodovia para todos os atores interessados.

Em 2018, é retomado o serviço de manutenção e recuperação da rodovia, lançado em 2001, embargado inúmeras vezes em função de demandas ambientais. O período chuvoso do fim de 2017 e início de 2018 foi registrado pela mídia como o primeiro inverno amazônico com trafegabilidade na BR-319 dos últimos 30 anos. A colocação de lascas de pedra, conhecidos como “rachões”,  ajudam a melhorar as condições de trafegabilidade da rodovia.

No dia 9 de abril de 2018, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), durante o 6º Fórum de discussão permanente sobre o processo de reabertura da rodovia, apresenta o Projeto Executivo de pavimentação do trecho do meio da Rodovia BR-319.

Em setembro de 2018, segundo levantamento apresentado pelo secretário executivo do Ministério dos Transportes, Herbert Drummond, em audiência pública realizada no Senado para discutir o problema de pavimentação da BR-319, desde 2001, 16 órgãos de governo se revezaram para solicitar estudos, ajustes e questionamentos em 53 diferentes ocasiões, atrasando a execução das obras de recuperação.

No dia 8 de novembro de 2019, é publicado no Diário Oficial da União, o lançamento do edital de licitação para contratação da empresa responsável pela  elaboração do projeto básico e executivo de engenharia para pavimentação e melhoramentos do chamado "trecho do meio", entre os Km 250 e Km 656, com 406 quilômetros de extensão. A abertura das propostas estava prevista para o dia 2 de dezembro de 2019.

No dia 25 de janeiro de 2020, a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos do Estado do Amazonas (ANAUS) autoriza a paralisação temporária do transporte rodoviário intermunicipal de passageiros nas rodovias BR-319 e BR-230, devido às más condições das estradas.  A empresa Aruanã Transportes, suspende a linha Manaus – Lábrea. Os atoleiros se encontravam principalmente entre os quilômetros 360 e 560.

No dia 12 de fevereiro de 2020, em Manaus, o  ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, confirma o início da pavimentação da Rodovia BR-319, ainda em 2020. 

Em meados de fevereiro de 2020, na época das chuvas, a rodovia  contava com cinco grandes atoleiros. O trecho do meio era aconselhável apenas para carros 4 x 4, com pneus especiais,  em comboio, com cabos e mantimentos para uma semana. Faltavam 405 Km a serem pavimentados. Das cinco empresas de ônibus com linhas autorizadas, Aruanã, Eucatur, Transbrasil, Siqueira Tur, e Transcoop, três já haviam paralisados suas atividades, Eucatur, Aruanã e Transcoop.

Em fevereiro de 2020, o presidente da república, Jair Bolsonaro, em entrevista, alegava que faltava uma autorização ambiental para que o serviço de pavimentação dos 405 Km faltantes fosse iniciado.

No dia 30 de junho de 2020, o Ministério Público Federal do Estado do Amazonas, entra com uma ação na Justiça para suspender o edital publicado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para a pavimentação de um trecho de 52 quilômetros da Rodovia BR-319 no estado do Amazonas, alegando a falta de atestado de viabilidade ambiental. 

No dia 24 de junho de 2020, é publicado no Diário Oficial da União o edital para a contratação da empresa que ficará responsável pelas obras de pavimentação do trecho entre os Km 198 e Km 250, totalizando 52 quilômetros. No dia 17 de dezembro de 2020, é firmado o contrato entre o Governo Federal e a firma construtora.

No dia 5 de agosto de 2020, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Ibama, recebe e aceita para análise o Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) relativo ao serviço de reconstrução/pavimentação do trecho entre o Km 250 e Km 655,70, com extensão de 405,7 Km.

No dia 19 de novembro de 2020, uma viagem de automóvel entre a localidade de Igapó-Açu e a sede do Distrito de Realidade, com 330 Km de extensão, durava oito horas e meia, incluindo os tempos de parada.

No final de novembro de 2020, a Rodovia começa a ficar intrafegável em determinados trechos, em função do início do período de chuvas, também conhecido como inverno amazônico.


Empresas e linhas de ônibus em dezembro de 2020


No dia 7 de dezembro de 2020, a empresa Amatur Turismo inaugura a linha Manaus (AM) - Porto Velho (RO), com duas frequências semanais.



Em 2021, através da Portaria 372 / 2021 o tráfego foi restringido no trecho entre os quilômetros 13 e 679,3, entre dezembro e maio (período de chuvas) para veículos com PBTC (Peso Bruto Total Combinado) de até 17 toneladas e entre junho e novembro para veículos com PBTC de até 23 toneladas, no período de seca.

No dia 12 de janeiro de 2021, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, publica o edital para contratação de estudos ambientais que visavam o licenciamento no ‘Trecho do Meio’ da BR-319/AM, localizado entre o Km 250 e o Km 655,7. Os projetos de engenharia para este segmento estavam em elaboração.

No dia 14 de março de 2021, a empresa Siqueira Tur suspende a operação da linha intermunicipal Manaus - Humaitá, devido às péssimas condições da BR-319, com sucessivos atoleiros. Na última viagem, o carro da empresa levou 44 horas para percorrer os 666 Km entre Manaus e Humaitá.

Em junho de 2021, após o fim do período de chuvas, as seguintes empresas retomam suas operações regulares:

Amatur, Porto Velho - Manaus, 07/06/2021
Aruanã Transportes, Manaus - Lábrea, 07/06/2021
Eucatur, Porto Velho - Manaus, 10/06/2021
Siqueira Tur, Manaus - Humaitá, 07/06/2021
WR Transportes, Manaus - Lábrea, 09/06/2021


Divulgação Siqueira Tur


Em 25 de agostos de 2021, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) expede licença autorizando o Consórcio Tecon Ardo - RC a instalar uma usina de produção de concreto asfáltico no município de Beruri, para as obras de repavimentação de um trecho de 52 Km de extensão da BR-319.

Em 23 de junho de 2022, o Governo Federal transfere para a  jurisdição do DNIT de Rondônia, com sede em Porto Velho, as obras de reparo e construção do trecho entre os quilômetros 250,7 ao 740, substituindo a jurisdição do DNIT do Amazonas, com sede em Manaus.

Em 28 de julho de 2022,  Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emitiu uma licença prévia para a repavimentação do trecho do meio da rodovia BR-319, compreendido entre os quilômetros 198 e 603.

Em fins de agosto de 2022, foi iniciada a obra de manutenção (tapa-buraco) na altura do Km 181, trecho já pavimentado.

Obras de tapa-buraco na altura do Km 181 em 28 de agosto de 2022


Em 28 de setembro de 2022, às sete e quinze da manhã, desaba a ponte de concreto do rio Curuçá, na altura do Km 23, entre Manaus e Castanho.

Em 5 de outubro de 2022, a Justiça suspende a licença para a repavimentação da rodovia BR-319. As obras foram paralisadas em 3 de novembro de 2022.

Em 8 de outubro de 2022, desaba a ponte de concreto sobre o rio Autaz Mirim no município de Careiro Castanho, na altura do Km 12. A segunda ponte da BR-319 a ruir em 15 dias.


Antes e depois da ponte Autaz Mirim, na BR-319. Estrutura desabou no dia 8 de outubro de 222. Foto Wiliam Duarte/Rede Amazônica e Associação de Amigos e Defensores da BR-319/Divulgação.

28 abril 2023


Na madrugada de 26 de novembro de 2022, a ponte de madeira sobre o Igarapé Cotia (Km 516,6/AM) foi criminosamente derrubada com moto serra.


O Primeiro Portal, 11/06/2023
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Em 10 de agosto de 2023, 10 meses após o desabamento que resultou na morte de 5 pessoas, foram iniciadas as obras de reconstrução da ponte sobre o rio Curuçá. Além da ponte sobre o rio Curuçá, a ponte Autaz Mirim desmoronou dez dias depois.

Travessia de balsa no rio Curuçá em agosto de 2023
Foto William Duarte/Rede Amazônica


REFERÊNCIAS:

Iniciada pavimentação da estrada Manaus – PV. Jornal do Comércio. Manaus. 12 setembro 1970.  p.1.

Trecho da Manaus – PV tem inauguração hoje. Jornal do Comércio. Manaus. 13 março 1971. p.2.

BR-319 tem recorde. Jornal do Comércio. Manaus. 25 junho 1971. p.3.

Rodovia BR-319 já tem colonização. Jornal do Comércio. Manaus. 28 setembro 1971. p.2.

Fica pronta em outubro estrada Manas - Terminal. Jornal do Comércio. Manaus. 12 julho 1972. p.1.

A árdua tarefa para desvirginar a selva . Jornal do Comércio. Manaus.c8 agosto 1972. Segundo Caderno, p.1.

Carros fazem viagem pioneira pela BR-319 . Jornal do Comércio. Manaus. 11 novembro 1972. p.1.

Manaus - Porto Velho pronta este ano . Jornal do Comércio. Manaus. 22 julho 1973. p.4.

Chegaram ontem a Manaus os pioneiros da estrada BR-319. Jornal do Comércio. Manaus. 31 julho 1973. p.2.

BR-319 toda asfaltada até dezembro deste ano . Jornal do Comércio. Manaus. 27 janeiro 1974. p.3.

BR-319 desaparece com mato e buracos tomando seu leito. Jornal do Comércio. Manaus. 27 maio 1975. p.5.

Epopeia de uma rodovia. Jornal do Comércio. Manaus. 6 abril 1977. p.4.

Movimento na BR-319 começa a interessar as transportadoras. Jornal do Comercio. Manaus. 16 dezembro 1978. p.6.

Lindoso inaugura obras da estrada Autazes e N.Olinda. Jornal do Comércio. Manaus. 19 setembro 1979. p.3. 

Jamil quer solução para transporte da 319. Jornal do Commercio. Manaus. 1980, julho, 8. Página 11. 

Tráfego na 319 será proibido para carretas. Jornal do Commercio. 25 fevereiro 1984. p.1.

DNIT abre licitação em Rondônia para obras da ponte da Balsa. DNIT Notícias. 26 janeiro 2010.

Dnit apresenta projeto executivo para obras em trecho da BR-319. D24am. Manaus. 10 abril 2018.

Candidatos pautam BR-319, que há 17 anos está emperrada. D24am. Manaus. 9 setembro 2018.

MAISONNAVE, Abiano, e, ALMEIDA, Lalo Obsoleta, Zona Franca de Manaus consome R$ 24 bi em renúncia fiscal. Folhapress. Correio do Estado. 13 setembro 2018.

Acir Gurgacz comemora licitação de trecho da BR-319. Rondoniagora. Porto Velho. 12 novembro 2019.

Ministro da Infraestrutura confirma início da pavimentação da BR-319. D24am. Manaus. 12 fevereiro 2020.

Amazonas: governo federal publica edital para pavimentação da BR-319. Terça Livre. 26 junho 2020.

Ipaam concede licença ambiental para início das obras de pavimentação da BR-319. D24am. 25 agosto 2021.

RAMOS, Jeferson. Mesmo estando no Amazonas, trecho da BR-319 tem jurisdição tranferida para o Dnit de Rondônia. A Crítica. 24 junho 2022.

IBAMA emite licença prévia para reconstrução do trecho do meio da BR-319, no AM. G1 AM. 28 julho 2022.

Página lançada em 14 de setembro de 2018.