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BR-465

Histórico

por Guilherme Braga Alves 

Km 32, Km 40, Km 49. Todo mundo que já pegou a Estrada Rio-São Paulo (BR-465) já ouviu esses nomes. Mas você sabe de onde eles vieram? Trinta e dois quilômetros a partir de onde? E mais: por que a distância entre o Km 32 e o Km 40 é menor que oito quilômetros? Será que antigamente eles não sabiam medir direito? Não tem nada disso. Vem que eu te explico.

A estrada Rio-São Paulo foi inaugurada em 1928, ligando as duas maiores cidades do país. O caminho dela era bem diferente do que temos hoje, e dizem que a viagem era só para aventureiros.

Seu marco zero, o ponto a partir de onde as contagens eram feitas, ficava no Engenho de Dentro. Alguns anos depois esse marco foi para o Largo do Campinho, e a contagem de quilômetros foi revista. Os atuais quilômetros que ainda usamos como referência são baseados na distância até lá. Observe no mapa abaixo que a contagem foi atualizada.

Mas, e a história de não ter oito quilômetros entre o Km 32 e o Km 40?

Bem, alguns anos depois da inauguração, a Estrada Rio-São Paulo foi modificada. O trecho entre a estrada de Madureira e a ponte do Guandu, uma grande linha reta, foi feito, e o caminho antigo deixou de ser usado. Os mais atentos sabem que até hoje aquele pedaço ainda tem o nome de Estrada Variante Rio-São Paulo.

[No segundo mapa, o caminho antigo da Rio-São Paulo está em vermelho, e o atual é indicado com uma linha preta.]

É, mudaram a estrada, o caminho ficou mais curto, mas os quilômetros acabaram ficando.

Em 1951 foi inaugurada a Rodovia Presidente Dutra, e a maior parte dos viajantes deixou de passar por Campo Grande em sua viagem rumo a São Paulo.

Hoje a Estrada Rio-São Paulo é a Rodovia Luiz Henrique Rezende Novaes [BR-465], e tem 22 quilômetros entre a Rodovia Presidente Dutra e a Avenida Brasil. Ela é administrada pelo Governo Federal. O trecho entre o viaduto dos Cabritos e a estrada Rio do A ainda se chama estrada Rio-São Paulo, e é administrado pela Prefeitura do Rio de Janeiro.

Guilherme Braga Alves é doutorando em Geografia pela UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e estuda a história dos transportes na Zona Oeste carioca.

Extraído do Grupo Fragmentos do Rio Antigo do Facebook em 11/09/2019